Casa de Candaces: Vanguardista na Cultura Ballroom Brasileira

Fundada em 2019 por Zaila Barbosa, a Casa de Candaces é uma kikihouse que atua no fortalecimento de corpos transvestigêneres e racializados por meio da arte, cultura e resistência. Desde sua criação, a casa tem se tornado referência na disseminação da cultura ballroom no Brasil e na América Latina, sendo uma das responsáveis por impulsionar esse movimento de origem marginalizada para os palcos da visibilidade cultural.
A ballroom nasce nos Estados Unidos, nos anos 1960, como uma resposta da comunidade LGBTQIA+ preta e latina à exclusão social, especialmente de mulheres trans e outras pessoas dissidentes. Esses grupos criaram espaços de acolhimento e afirmação de identidade, onde a arte era linguagem de sobrevivência. Os balls — eventos que celebram a performance, a moda, a dança e a beleza — são espaços de expressão radical, competição e empoderamento.
No Brasil, a cultura ballroom chegou há cerca de uma década e desde então tem crescido, se enraizado e conquistado espaços importantes. Os balls são eventos comunitários onde se performam categorias que transitam entre o glamour, a passarela e a crítica social. São celebrações da identidade preta, indígena, favelada e LGBTQIA+, que transformam a dor em potência criativa.
As houses (casas) são coletivos ou famílias platônicas organizadas dentro da cena ballroom, baseadas em laços afetivos, afinidade e objetivos comuns. Cada house possui uma liderança — geralmente chamada de Mother (mãe) ou Father (pai) — que acolhe, orienta e representa seu grupo. Ao entrar numa house, o indivíduo adota seu nome como sobrenome, reforçando a ideia de pertencimento e filiação.
A Casa de Candaces, liderada por sua fundadora e Legendary Mother Zaila Candace, é uma dessas famílias escolhidas que constrói e sustenta esse movimento no Brasil com arte, profissionalismo e afeto.
A trajetória da Casa de Candaces é marcada por uma atuação potente em frentes culturais, artísticas e políticas. Além de organizar alguns dos balls mais relevantes do país — como a Black N Gold Ball, 2000’s Ball, Baile do Egito e C + C Aftermath Kiki Ball — a casa também estabelece parcerias com instituições e marcas de destaque, como o Museu da Língua Portuguesa, MUHCAB (Museu da História e Cultura Afro-Brasileira), Absolut, Casa1, Soko e a Bienal de São Paulo.
Essas colaborações ampliam a visibilidade da cultura ballroom e a inserem em contextos que reconhecem sua importância histórica e estética, ao mesmo tempo em que geram oportunidades de trabalho e protagonismo para artistas LGBTQIA+.
Foto por Matteo Ribeira
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